Prémio 2019 entregue em 2023
Tiveram de decorrer uns quantos anos para que o afamado Chico Buarque de Hollanda pudesse por fim receber o Prémio Camões com que os governos do Brasil e de Portugal o agraciaram em 2019, e que era seu de pleno direito. Semelhante atraso deveu-se à inenarrável recusa do então presidente brasileiro em assinar o documento que formalizava a entrega do referido prémio, por questões pura e simplesmente ideológicas.
Como bem sabem, o Prémio Camões foi instituído em 1989 pelos governos do Brasil e de Portugal, e constitui o principal e mais importante prémio literário que distingue os autores que, pelo conjunto da respetiva obra, tenham contribuído para o enriquecimento do património literário e cultural da língua portuguesa. A entrega do prémio alterna-se anualmente entre o Brasil e Portugal, e a Chico Buarque foi-lhe entregue em Portugal, nomeadamente no Palácio de Queluz, numa cerimónia que contou com a presença do atual presidente do Brasil, Lula da Silva, e do presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, entre muitas outras personalidades do mundo cultural e institucional lusófono.
Discurso
Aqui fica uma passagem do divertido e emocionante discurso de Chico Buarque. Embora seja um reconhecido cantor de música popular brasileira, Chico Buarque de Hollanda é romancista, dramaturgo e compositor e conta con uma vasta obra, com nomes tão sonantes como Budapeste (2005) ou O irmão alemão (2016).
Na história dos prémios Camões nunca tinha sucedido um atraso com estes contornos e esperamos sinceramente que não volte a acontecer; o positivo foi que pôde ser reparado. Chico Buarque une-se assim à lista dos restante autores distinguidos com este prémio, por exemplo, Sophia de Mello Breyner, Agustina Bessa-Luís, Germano Almeida, Raduan Nassar, Manuel Alegre, Jorge Amado, José Saramago, Hélia Correia, Pepetela, Mia Couto, António Lobo Antunes, e tantos outros conceituados nomes da literatura em língua portuguesa.