A Seix Barral lança Un Viaje a la India de Gonçalo M. Tavares, agora em espanhol.
Gonçalo M. Tavares nasceu em 1970, em Luanda. Passou a sua infância em Aveiro. Publicou a sua primeira obra em dezembro de 2001. Editou romances, contos, ensaio, poesia e teatro. Em Portugal recebeu vários prémios, entre os quais: o Prémio José Saramago 2005 e o Prémio LER/Millennium BCP 2004, com o romance Jerusalém; o Grande Prémio de Conto da Associação Portuguesa de Escritores “Camilo Castelo Branco” com Água, Cão, Cavalo, Cabeça. Prémios internacionais: Prémio Portugal Telecom 2007 (Brasil); Prémio Internazionale Trieste 2008 (Itália); Prémio Belgrado Poesia 2009 (Sérvia); Nomeado para o Prix Cévennes 2009 – Prémio para o melhor romance europeu (França). Os seus livros estão a ser editados em trinta e cinco países. Jerusalém foi o romance mais escolhido pelos críticos do Público para “Livro da Década”. Os seus livros deram origem, em diferentes países, a peças de teatro, peças radiofónicas, curtas-metragens e objetos de artes plásticas, dança, vídeos de arte, ópera, performances, projectos de arquitetura, teses académicas, entre outras obras. O romance “Jerusalém” foi incluído na edição europeia de “1001 livros para ler antes de morrer – um guia cronológico dos mais importantes romances de todos os tempos”. José Saramago disse dele: «’Jerusalém’ é um grande livro, que pertence à grande literatura ocidental. Gonçalo M. Tavares não tem o direito de escrever tão bem apenas aos 35 anos: dá vontade de lhe bater!». Dele disse ainda Vila-Matas, no Magazine Littéraire: “… de narrador de raça a génio de um imenso futuro. É um escritor que não vai continuar muito mais tempo despercebido nessa Europa… “Tavares triunfará, isso é algo que se vê já a chegar.” in El País, Espanha,
Excerto
«A singular e provocante Viagem à Índia não é, contudo, a epopeia desta espécie de terra de ninguém do sentido, em que o Ocidente se converteu, mas a travessia e o confronto, ao mesmo tempo intemerato e burlesco, desse caos, não para descobrir nele uma mítica porta de saída mais ilusória ainda que as já conhecidas, mas para encarar a sério o seu paradoxal enigma. É apenas, num travestimento sem precedentes do texto epopaico (Os Lusíadas, a seu modo também é já texto de decepção, por conta da realidade), uma viagem ao fim do nosso fabuloso presente como glosa interminável da existência como tédio de si mesma. Partindo como Gama de Lisboa, e diferindo o mais que pode e sabe, como Ulisses, não o regresso, mas o “fim” da Viagem, Bloom, o seu tão célebre e literário herói, não contemplará (como a humanidade inteira) a face de Deus ou as pegadas de Deus, que no espelho da Índia imaginava contemplar, mas não volverá o mesmo. Agora sabe o que já pressentia. Que não viajamos para nenhum paraíso. Que todas as viagens são sempre um regresso ao passado de onde nunca saímos.» Eduardo Lourenço, no prefácio ao livro